Quem ignorar a Indústria 4.0 na mineração vai ficar para trás

Por Conexão Mineral 11/04/2025 - 14:13 hs
Foto: Luza Group

Por Otto Heinisch*

Poucos setores carregam tanto simbolismo de força, resistência e dureza quanto a mineração. Essa imagem foi construída ao longo de séculos de uma atividade intensiva, marcada por grandes estruturas, esforço físico e repetição. Mas é justamente esse retrato do passado que precisa ser superado. A chegada da Indústria 4.0 ao setor mineral não é mais uma promessa — é uma ruptura em curso. E como toda ruptura, traz desconfortos, urgências e escolhas que não podem mais ser adiadas. O que está em transformação não é apenas o maquinário, é o modelo mental. Sensores inteligentes, automação de processos, análise preditiva, robótica e inteligência artificial estão reconfigurando completamente a forma como se extrai, transporta e processa recursos naturais. Trata-se de uma nova lógica operacional, em que decisões passam a ser orientadas por dados, processos são monitorados em tempo real e falhas são previstas antes mesmo de acontecerem.

Segundo dados da Gartner, empresas que adotam estratégias de Indústria 4.0 conseguem reduzir falhas operacionais em até 20% e aumentar, em média, 15% a produtividade. Mas o impacto vai além da eficiência técnica. Estamos falando de mais segurança, menos desperdício, menores riscos ambientais e maior previsibilidade. Ou seja, uma transformação estrutural com reflexos diretos em sustentabilidade e competitividade. No entanto, essas mudanças não são apenas tecnológicas. Elas exigem a reinvenção da engenharia, a integração entre diferentes áreas e, principalmente, uma revisão profunda da cultura organizacional. A mineração, que por muito tempo foi sinônimo de força bruta, agora precisa se tornar símbolo de inteligência aplicada. E isso passa pelas pessoas.

A digitalização não elimina empregos, mas os transforma, criando um ambiente onde profissionais com mentalidade analítica, visão sistêmica e domínio técnico se tornam protagonistas, colaborando com máquinas para alcançar resultados. Para que essa transição aconteça de forma consistente, é necessário que três elementos caminhem juntos: tecnologia aplicada, engenharia estratégica e talento humano capacitado. É fundamental que as técnicas dialoguem com a realidade operacional do setor, oferecendo soluções adaptadas a contextos complexos e desafiadores, enquanto engenheiros, com profundo conhecimento dos processos produtivos, redesenham fluxos com inteligência e eficiência, e profissionais preparados para atuar em equipes multidisciplinares, com autonomia para tomar decisões baseadas em dados e disposição para questionar modelos cristalizados.

A transição não é simples. Exige investimento, capacitação contínua e coragem para romper com o que sempre foi feito. A resistência à mudança, nesse caso, não representa cautela — representa o risco real de obsolescência. O setor que durante décadas aprendeu a cavar fundo para encontrar valor precisa agora cavar dentro de si para descobrir inteligência, agilidade e visão de futuro.

(*) Otto Heinisch, Key Account Manager da Luza Group